Poesia
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Suprême Convulsion
por Augusto dos Anjos


O equilíbrio do humano pensamento

Sofre também a súbita ruptura,

Que produz muita vez, na noite escura,

A convulsão meteórica do vento.


E a alma o obnóxio quietismo sonolento

Rasga; e, opondo-se á Inércia, é a essência pura,

E a síntese, é o transunto, é a abreviatura

De todo o ubiqüitário Movimento!


Sonho, - libertação do homem cativo -

Ruptura do equilíbrio subjetivo,

Ah! foi teu beijo convulsionador


Que produziu este contraste fundo

Entre a abundância do que eu sou, no Mundo,

E o nada do meu homem interior!

(Outras Poesias, 7)

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